SOFRIMENTO

Eu sofro em conta gotas. Sofro por antecipação. Penso e imagino o sofrimento para ver se vou me acostumando com ele. O sofrimento em questão é a perda da Pitchula. Sei que ela não vai viver para sempre, sei que com todos esses problemas que ela tem, o tempo dela se torna mais curto.
Nos dias que vou trabalhar, são aqueles que eu fico mais tempo longe dela, 12 horas no mínimo.
Já acho uma judiação ter que dar diurético antes de sair e deixá-la fechada em casa, sendo que ela não faz xixi dentro de casa, mas não tenho opção, tenho que dar.
Procuro não pensar nela ao longo do dia, senão sofro mais ainda e não vai adiantar, fico imaginando essas mães que tem que deixar seus filhos pequenos para trabalharem, coitadas, como devem sofrer. Na hora de voltar para casa começa minha agonia: e se tiver acontecido alguma coisa com ela? E se ela passou mal? E se ela morreu??? Daí meu coração começa a apertar e meus olhos encherem de lágrimas e tento ser racional; isso vai acontecer um dia! E se acontecer? O que eu faço? Quais as providências que devo tomar. Eu tento ser racional quando vejo que vou me desmanchar. Penso na parte prática da situação; isso é com a Pitchula, com meu pai, com qualquer um. A diferença dos meus familiares para a Pitchula é que ela EFETIVAMENTE vive em minha função, ela vive para mim e por mim. E eu por ela.
Somos nós duas, quando eu digo um "ai" por que me machuquei, a única que corre para me acudir é ela, quando choro, é ela que vem secar minhas lágrimas, quando eu estou triste, é ela que tenta me animar, quando estou carente, é ela que vem me fazer carinho...
O outros? Bem os outros quando precisam de alguma coisa me procuram...

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